As linhas de apoio LGBT+ passaram a adotar o trabalho remoto, mas estão registrando níveis de chamadas muito mais altos, à medida que as pessoas lidam com a saúde mental durante a pandemia do coronavírus.
Os registros apontam que essas pessoas estão lutando contra a ansiedade, solidão e o isolamento. Alguns também enfrentam a violência ou abuso doméstico por parte de parceiros ou de famílias homofóbicas e transfóbicas.
As duas principais e históricas linhas de apoio LGBT+ do Reino Unido, a Switchboard e a LGBT Foundation, agora estão trabalhando de casa, com as linhas tendo sido redirecionadas para a casa dos voluntários.
Para a LGBT Foundation em Manchester, a mudança para o trabalho em home office é como um retorno ao passado. Seis homens gays fundaram a organização e começaram a receber ligações de um quartinho dos fundos da cidade, no noroeste da Inglaterra, há 45 anos.
Os dois principais serviços estão vendo um aumento constante no número de chamadas. A LGBT Foundation diz que as ligações dobraram em relação ao mesmo período de 2019. A demanda é tão grande que eles redirecionaram recursos de outras partes da instituição para a linha de apoio.
Natasha Walker é copresidente da Switchboard, segundo ela “quase todas as ligações que estamos recebendo no momento apresentam maior ansiedade e isolamento por causa do COVID-19”.
Ela afirma que a situação de pandemia do Coronavírus “está ampliando qualquer situação existente em que essas pessoas já estejam, desde violência doméstica, até transfobia, bifobia e homofobia, além de, claro, a solidão, algo com o qual estamos lutando fortemente nas comunidades LGBTQ + há um tempo”.
“Também operamos um serviço de mensagens instantâneas e e-mail, algo que é especialmente importante no momento, pois pode ser mais difícil encontrar um espaço privado para falar ao telefone”, reiterou.
Enquanto isso, Paul Martin OBE, executivo-chefe da LGBT Foundation, diz:
“Estamos vendo alguns jovens adolescentes LGBT presos em suas casas com pais abusivos, sem ter opções de refúgio para dar uma trégua, as pessoas trans não conseguem mais viver com o gênero que se identificam devido às pressões familiares, e pessoas homossexuais isoladas com seus pais ou parceiros abusivos.”
Enquanto isso, Kayla Le Roux, membro da equipe de apoio da LGBT Foundation, diz que o número de chamadas comprova o quão desafiador é o período.
Le Roux acrescenta: “Tivemos pessoas ligando porque estão preocupadas com o efeito que o Covid-19 teria nos problemas de saúde existentes. As pessoas estão ligando por ficarem presas a famílias ou parceiros que são hostis, ou simplesmente assim como todo mundo, com medo do que o futuro reserva”.
Martin diz que eles estão particularmente conscientes das pessoas vulneráveis na comunidade. Isso inclui aqueles com mais de 70 anos, com condições de saúde subjacentes ou vivendo em situações de abuso doméstico.