O líder da Igreja Católica, Papa Francisco, surpreendeu os fieis mais conservadores ao exaltar as virtudes do sexo e da alimentação – duas coisas que, em excesso são consideradas pecado por muitos religiosos – em um livro intitulado Terra Futura: Conversas com o Papa Francisco, lançado na última quarta-feira (9 de setembro).
Segundo publicado pelo jornal irlandês “The Journal”, em entrevista ao escritor e gourmet italiano Carlo Petrini, sua santidade o Papa Francisco sugeriu que o prazer do sexo, junto com o prazer de comer uma refeição bem preparada, é “divino”.
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Ele também disse que a demonização do prazer dentro da Igreja Católica foi resultado de um “excesso de zelo” dos clérigos, de acordo com a Associated Foreign Press.
“O prazer vem diretamente de Deus. Não é católico, nem cristão, nem qualquer outra coisa, é simplesmente divino”, declarou o Papa na entrevista.
O líder religioso ainda disse que não há lugar para “moralidade excessivamente zelosa” dentro da igreja que proíbe as pessoas de sentir prazer.
O Papa também admitiu que a Igreja Católica procurou restringir o prazer no passado, mas disse que fazer isso é “uma interpretação errada da mensagem cristã”.
“O prazer de comer existe para mantê-lo saudável comendo, assim como o prazer sexual existe para tornar o amor mais bonito e garantir a perpetuação da espécie”, disse. E concluiu: “O prazer de comer e o prazer sexual vêm de Deus.”
O Papa Francisco tem um histórico de altos e baixos em relação à comunidade LGBT+.
Fica difícil saber se o Papa estava se referindo ao sexo apenas entre pessoas heterossexuais e cisgênero na entrevista ou também entre LGBTs.
É de conhecimento público a hostilidade com que a Igreja Católica se posiciona há séculos em relação a identidades LGBT+ e a demonização do sexo LGBT+ infelizmente ainda está longe de ser coisa do passado na Instituição.
Mesmo assim, houve passos progressistas recentes em relação a esta postura arcaica e discriminatória da igreja. Em seu papado, Francisco ganhou elogios por sua abordagem um pouco mais aberta em relação ao assunto em comparação a Papas antecessores.
Ainda assim, suas atitudes tem causado confusão no entendimento de muitos católicos por muitas vezes dar passos adiante e também para trás.
Por exemplo, em novembro de 2019, o líder católico condenou a perseguição de gays e comparou o “ódio” ao “nazismo” durante um discurso no Congresso Mundial da Associação Internacional de Direito Penal. Mas poucas horas depois de seu discurso, o Papa Francisco deu um abraço caloroso a um líder muçulmano que acha que a homossexualidade é uma doença e que os gays devem ser executados.
Por outro lado, o Papa Francisco já ajudou a um grupo de mulheres trans brasileiras que o procuraram. Entretanto, muitos católicos LGBT+ também ficaram decepcionados em 2019 quando o Vaticano atacou as pessoas trans em um documento que afirmava que a “ideologia de gênero” era um “afastamento da natureza”.