Quando Lacraia fazia sucesso nos programas de TV ao lado de MC Serginho, muita gente que está lendo esta matéria era bem pequeno, inclusive este que vos fala.
“Vai, Lacraia” e “Éguinha Pocotó” certamente embalaram muitas festas no início dos anos 2000 e, de certa forma, trouxe uma representatividade para a comunidade LGBTQ+, sobre tudo aos trans e travestis. Apesar de que, na época, comentários homofóbicos e brincadeiras totalmente sem noção ainda eram “aceitáveis” em pleno horário nobre da TV aberta.
VÍDEO NOVO DO PÕE NA RODA: |
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Não é extremamente necessário que tenhamos conhecimento que, há mais de 15 anos, havia uma pessoa na linha de frente lutando por nós e, que em tão pouco tempo, conseguiu fazer tanto pela gente?
A usuária do Twitter Caia, diretora da Nova Associação de Travestis e Transexuais de Pernambuco (Natrape), estudou a vida de Lacraia e fez uma thread super necessária para sabermos a superfície desse trabalho executado por ela.
Confira abaixo:
Mesmo sendo uma figura nacionalmente muito famosa no começo dos anos 00, eu não sabia nada a respeito da Lacraia nem era fácil encontrar. Seria mais uma travesti com sua história apagada? Como ela foi recebida na mídia e pelo público? Compartilho com vocês um pouco da pesquisa…
— Caia na gandaia (@caianagandaia2) June 3, 2020
Trabalhou como camelô, como cabeleireira em um salão de beleza e como camareira em uma sauna. Conheceu MC Serginho (ambos moravam em Jacarézinho) nos bailes funks onde ele era DJ e acabaram formando uma dupla que mais tarde estouraria os sucessos "Vai, Lacraia", "Éguinha Pocotó".
— Caia na gandaia (@caianagandaia2) June 3, 2020
Segundo a revista Veja, a participação de Lacraia no Domingo Legal, na SBT, desbancava em pontos de audiência o Domingão do Faustão, da Rede Globo. Éguinha Pocotó foi a 16ª música mais tocada em 2003. Naquele ano, o sucesso de Serginho e Lacraia estava à frente de girl/boybands.
— Caia na gandaia (@caianagandaia2) June 3, 2020
O que acontecia nos shows não se repetia na televisão. No Programa da Eliana, Lacraia encenou um casamento fake, mas o noivo se recusou a repetir as palavras do "padre" ("legítima esposa") e não beijou a noiva ao final da cerimônia. Supostamente essa era "a graça" do quadro. pic.twitter.com/32zEyAkWdu
— Caia na gandaia (@caianagandaia2) June 3, 2020
Não se falava em outro assunto. As bichas eram "xingadas" de Lacraia, as carolas e alguns artistas torciam o nariz. Outros cometiam racismos, transfobias explícitos. Por que até hoje muita gente resume Lacraia a uma "pessoa feliz"? Matéria de 2003 no Jornal do Brasil (RJ) pic.twitter.com/FX6NbHUFAP
— Caia na gandaia (@caianagandaia2) June 3, 2020
Por tuberculose, Lacraia faleceu em 2011, aos 33 anos, mas não podemos esquecer sua história. Ela abriu portas para muitas travestis do funk hoje! Em 2013, Gazela interpretou Lacraia nos shows do Serginho enquanto ele cantava "eu to falando do fantasma da Lacraia", mas não vingou
— Caia na gandaia (@caianagandaia2) June 3, 2020
Há anos quero fazer um filme sobre a Lacraia. Preciso de produtora, se alguma se interessar, por favor me procure! Trabalho em audiovisual.
— Caia na gandaia (@caianagandaia2) June 4, 2020
Ao final, a autora do post revelou seu desejo de fazer um filme sobre a vida da artista, pedindo contatos de quem estiver interessado. A thread fez tanto sucesso que na quarta-feira (3) o nome Lacraia entrou para os trending topics do Brasil!
Não seria incrível esse filme realmente sair? Vamos aguardar ansiosos por essa oportunidade de ver a vida de uma figura LGBTQ+ tão importante nas telas dos cinemas.