Uma reportagem do jornal Folha de São Paulo descobriu a existência de um esquema que envolve contratos no valor acima de R$ 12 milhões de reais, bancado por empresas, pra custear toda uma estrutura que possibilita o envio em massa de fake news por whatsapp e redes sociais a favor do presidenciável Jair Bosonaro e contra o PT.
Estas foram as eleições marcadas pela predominância das redes digitais muito além da mídia tradicional. O domínio das redes sociais e aplicativos trouxe uma enorme vantagem através da disseminação de mentiras ao candidato Jair Bolsonaro (PSL), utilizando especialmente as mensagens por WhatsApp – a principal fonte das Fake News espalhadas por aí.
A investigação do jornal Folha de São Paulo confirmou que:
“Empresas estão comprando pacotes de disparos em massa de mensagens contra o PT no WhatsApp e preparam uma grande operação na semana anterior ao segundo turno.
A prática é ilegal, pois se trata de doação de campanha por empresas, vedada pela legislação eleitoral, e não declarada.
A Folha apurou que cada contrato chega a R$ 12 milhões e, entre as empresas compradoras, está a Havan. Os contratos são para disparos de centenas de milhões de mensagens.”
Vale lembrar que a estratégia é ilegal pois a legislação eleitoral proíbe a prática de compra de base de terceiros. Fora que, os R$ 12 milhões investidos na estrutura para propagação de notícias falsas não foi declarado, o que configura caixa 2 eleitoral, outra prática criminosa.
O jornal ainda revelou que a agência envolvida no esquema utiliza ferramentas que burlam as regras não apenas eleitorais, mas também do Whatsapp para possibilitar o compartilhamento excessivo de mensagens:
” A Folha apurou com ex-funcionários e clientes que o serviço da AM4 não se restringe a isso. Uma das ferramentas usadas pela campanha de Bolsonaro é a geração de números estrangeiros automaticamente por sites como o TextNow.
Funcionários e voluntários dispõem de dezenas de números assim, que usam para administrar grupos ou participar deles. Com códigos de área de outros países, esses administradores escapam dos filtros de spam e das limitações impostas pelo WhatsApp —o máximo de 256 participantes em cada grupo e o repasse automático de uma mesma mensagem para até 20 pessoas ou grupos.
Os mesmos administradores também usam algoritmos que segmentam os membros dos grupos entre apoiadores, detratores e neutros, e, desta maneira, conseguem customizar de forma mais eficiente o tipo de conteúdo que enviam.”